ESTÊVÃO, UM HOMEM CHEIO - ATOS 6:8-7:1-60
Dentro deste grupo pioneiro que
foi implantador da igreja em Jerusalém, Estevão teve um ministério de curta
duração, mas de profundo impacto, pois ele desencadeou uma grande perseguição
contra a igreja em Jerusalém que, na medida que se dispersava para outras
regiões, foi proclamando o amor do Cristo ressurreto. Por isso, não é de se
admirar que Lucas tenha dedicado tanto espaço em seu relato histórico a este
homem que, verdadeiramente, era um “HOMEM CHEIO”... (v.8)
I – CHEIO DE GRAÇA (6:8)
Graça salvadora e aperfeiçoadora (Tt 2:11-12 “ a graça de Deus se manifestou
salvadora a todos os homens, educando-nos para que renegadas a impiedade e as
paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e
piedosamente...”)
II –
CHEIO DE PODER (6:8)
Não só admitia que Deus é poderoso, mas que Seu poder seria operado através
dele
(Ef 3:20-21). O poder apostólico se estendera ao servidor das mesas das
viúvas.....
III – CHEIO DE SABEDORIA (6:9-10a)
As
sinagogas eram espaços públicos de discussão nos quais se permitia ler e
comentar as Escrituras (Lc 4:16-22). Ao aproveitar esta oportunidade cumpriu-se
em Estevão a promessa feita por Jesus em Lc 21:12-15 (“...assentai em vosso
coração de não vos preocupardes com o que haveis de responder, porque eu vos
darei boca e sabedoria a que não poderão resistir, nem contradizer todos
quantos se vos opuserem”).
IV – CHEIO DO ESPÍRITO (6:10b; 6:5)
O testemunho de Estevão não foi resultado de sua inteligência, cultura ou
facilidade de comunicação, mas da capacitação dada pelo Espírito, conforme
promessa de At 1:8. Lucas diz que esta plenitude do Espírito era tão grande que
ele “falava pelo Espírito”.
V – CHEIO DE
DEUS (6:11-7:1-44)
Como seus interlocutores não o venceram na discussão, agora partem para a
violência: primeiro em forma de “suborno” (v. 11 – pessoas
pagas para colocarem na boca de Estevão aquilo que ele de fato não disse sobre
Moisés e Deus); segundo pela sublevação do povo (v. 12-14
– levado ao sinédrio pelo povo, com apoio dos anciãos e escribas, foi acusado
por falsas testemunhas de desrespeitar o templo e a lei ensinando a supremacia
de Jesus sobre o templo e a lei). Lucas, apegado aos detalhes, diz que todos
os opositores de Estevão tiveram uma visão incrível dele: “viram o seu rosto
como se fosse de anjo” (v. 15). Estevão estava tão cheio de Deus que sua
pele revelava a glória de Deus! John Stott percebe o extraordinário
contraste: Estevão, acusado de desrespeitar Moisés e a lei, tem no rosto o
mesmo brilho experimentado por Moisés quando recebeu de Deus a lei, brilho
percebido por todo o povo de Israel! (Ex 34:29-35). Estevão, assim, no
coração, na palavra e até na aparência evidencia ser um homem cheio de Deus!
No capítulo 7, aproveitando uma pergunta do sumo sacerdote (v. 1), ele fala
novamente do Deus de quem ele está cheio, o “Deus que não está limitado a um
lugar, o Deus vivo, Deus em movimento, em marcha, que sempre chamava seu povo
para novas aventuras, sempre acompanhando-o e guiando-o em sua caminhada”
(Stott), o Deus que se manifestou de forma intensa, dentre outros, na
história de vários homens como Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Josué, Davi,
Salomão.... Estevão, porém, inspirado pelo Espírito, dedica maior atenção
à história de Abraão, José e Moisés....
1.) ABRAÃO: Deus da
promessa (7:2-8)
Se olharmos
racionalmente para o que Deus fez com Abraão, vamos dizer que ELE é louco:
apoderou-se de um chefe de tribo nômade, tirou-o da adiantada civilização da
Caldéia, conduziu-o pelos desertos a um país completamente desconhecido, onde
ele possuiria apenas uma tumba, prometeu-lhe que faria dele uma nação, mas
esperou que ele e sua esposa chegassem aos 100 anos para lhes dar um filho, e
quando o menino cresceu ordenou uma loucura maior ainda – exigiu que ele fosse
imolado num sacrifício.... Mas onde a razão humana vê loucura, evidencia-se o
extraordinário amor de Deus: amor que O leva a chamar um homem, fazer dele uma
nação, da nação enviar um Messias Salvador e nesse Messias abençoar todas as
nações da terra!
Abraão recebeu a
promessa e creu na promessa, por isso ele é chamado de “o pai dos crentes”(Rom
4:1-3, 16-22 “.. Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado para justiça...
Abraão é pai de todos nós porque creu no Deus que vivifica os mortos e chama à
existência às coisas que não existem; Abraão, esperando contra a esperança,
creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito.. e sem
enfraquecer na fé... não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus, mas
pela fé se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que
ele era poderoso para cumprir o que prometera”; Gl 3:6-9 “Abraão creu em Deus e
isso lhe foi imputado para justiça, sabei, pois que os da fé é que são filhos
de Abraão”). Estevão está cheio de fé na promessa de Deus (6:5).
Estevão
está cheio do Deus de Abraão – o Deus da promessa: o Deus que o salvou,
comissionou, e usou poderosamente!
2. JOSÉ: Deus da
providência (7:9-17)
Se olharmos racionalmente com o
que Deus permitiu que acontecesse com José, vamos dizer que Ele é um louco: que Deus é esse que quer fazer
de José o governador do Egito, para por meio dele abençoar seu povo e todos os
povos que enfrentariam sete anos de profunda fome, mas antes disso permite que
José seja vendido pelos irmãos como escravo, reconhecido como morto pelo seu
próprio pai, acusado de assédio sexual pela mulher do seu patrão e preso
por dois anos numa masmorra? Deixemos que o próprio José responda (Gn 50:19-21
“Não temais, acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós na verdade intentastes o mal
contra mim; porém, Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se
conserve muita em vida ; não temais, pois, eu vos sustentarei a vós outros e a
vossos filhos. Assim os consolou e lhes falou ao coração”).
Estevão está cheio
do Deus de José – o Deus da providência, razão pela qual ele não teme
qualquer tribunal humano, qualquer poder humano, qualquer força humana,
qualquer instituição humana, pois confia plenamente na Sua soberana
providência!
3. MOISÉS: Deus da
libertação (7:18-44)
Se olharmos racionalmente para o
que Deus permitiu que acontecesse com Moisés, vamos dizer que Ele é um louco: que Deus é esse que deseja fazer
de Moisés um libertador, mas antes permite que ele seja colocado ainda bebê nas
águas do Nilo, dentro de um cesto, e seja criado como filho dentro do palácio
do faraó que escravizava Seu povo, seja depois conduzido como fugitivo no
deserto, permitindo que lá fique por 40 anos, e só retornando ao Egito para
cumprir seu papel de libertador com 80 anos? Mas o que aos olhos humanos parece
loucura aos olhos de Deus é apenas a difícil escola da fé na qual Moisés foi
devidamente aprovado (Hb 11:24-29)
Estevão está cheio do
Deus de Moisés – o Deus da libertação: experimenta com intensidade a
sua libertação da condenação do pecado, do poder do pecado e no futuro da presença
do pecado.
CONCLUSÃO: quais são as conseqüências
diretas do fato de Estevão estar cheio de graça, de poder, de sabedoria, do
Espírito e de Deus? Que lições podemos e devemos aprender com elas?
1. OUSADIA: Confrontou quem precisava ser confrontado
(7:51-53)
Cheio da graça, do poder, da
sabedoria, do Espírito e de Deus, Estevão tratou seus juízes como “irmãos e
pais” (7:2), mas não trouxe uma mensagem adocicada, suave, leve, superficial...
e sim uma mensagem de questionamento, firme, transparente, dura, confrontadora:
“vocês estão se opondo ao Espírito Santo... (7:51); vocês não mudaram nada –
continuam, como sempre foram, violentos com os profetas de Deus (7:52a); vocês
sabiam que Deus mandaria o Justo – o Messias – mas quando Ele veio ao invés de
acolhê-lo vocês o assassinaram (7:52b); vocês foram separados por Deus para
conhecer, ensinar e guardar a Lei, mas vocês desprezaram, desobedeceram,
abandonaram a lei (7:53)”.
Sem perdermos o bom-senso
e o equilíbrio precisamos pedir ao Espírito que nos encha de uma
autoridade de profetas que nos leve a dizer a verdade a quem precisa ouvir à
verdade, sem medo das consequências da comunicação da verdade!
2. OPOSIÇÃO: Foi alvo de uma ira profunda e mortal
(7:54; Mt 5:11-12)
Se
por uma palavra mais suave de Pedro e dos apóstolos (At 5:29-33), as
autoridades do sinédrio tentaram matá-los, por uma palavra tão forte como a de
Estevão a reação seria mesmo uma profunda oposição. Agora, até Gamaliel, com
sua reconhecida moderação não esboçou qualquer defesa de Estevão...
Sabendo que Jesus nos garantiu a vitória, mas uma vitória com sofrimento....
(Jo15:18-20; 16:1-3, 20, 33; I Pd 5:10-11), vamos pedir ao Espírito que
nos encha de paciência perante as situações de adversidade!
3. REVELAÇÃO: viu o lugar das decisões e o Senhor
de todas as decisões (7:55-56)
Cercado
por suborno, sublevação, mentira, incompreensão, ódio, violência,
incredulidade, Estevão cheio do Espírito
contempla o céu e a glória de Deus, contempla o cenário das decisões que
delineiam a história humana e contempla Jesus - o Senhor de
todas as decisões! Daqui a alguns segundos ele seria a primeira testemunha de
Jesus a derramar seu sangue, mas antes ele como que vê o Senhor de pé
chamando-o para perto de si....
Esta é a nossa
maior necessidade: viver na terra com os olhos fixos nos céus e no Senhor dos
céus e da terra “não atentando nas coisas que se vêm, mas nas que se não vêem,
porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêm são eternas” (II Co
4:18), Vamos pedir ao Espírito que
nos de esta revelação celestial!
4. COMPAIXÃO: estava tão cheio de Jesus que agiu
como Jesus (7:57-60)
Ao
ouvirem que Jesus, a quem eles mataram, estava à direita de Deus numa posição
de autoridade, consideraram a palavra uma blasfêmia tão grande que
imediatamente começaram a executar Estevão que, à semelhança do próprio Jesus
na cruz, depois de pedir pelo acolhimento de seu espírito, expressou um
profundo amor por seus algozes (7:60).
Se Jesus
está no controle de todas as coisas, como de fato está, precisamos pedir ao Espírito que nos encha de um amor perdoador que vê
nas ofensas recebidas uma oportunidade de transformação dos nossos ofensores!
5. MARTÍRIO: estava tão cheio de Jesus que morreu
como Jesus – assassinado! (7:60)
Jesus
nos amou até o fim (Jo 13:1) e espera que, se necessário, façamos o mesmo por
Ele (Jô 15:13). Vamos pedir ao Espírito
que nos encha deste amor maior.....
6. REPOSIÇÃO: Na morte de Estevão o Senhor da
Igreja começa a levantar um novo missionário (7:58, 8:1)
PASTOR JOÃO KENNEDY MENSAGEM EM 06/02/2013
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